domingo, 11 de outubro de 2020

 TETELESTAI - Τετελεσται - ESTÁ CONSUMADO


"Tão logo, pois, Jesus recebeu (e tomou de) o vinagre, disse: "Tem sido consumado" (João 19.30)

 

*João 19.30:  "TEM SIDO CONSUMADO"  {Tetelestai} significa "está completado em perfeição e, em resultado disto, está feito para sempre". Aqui, proclama "Todo o Meu dever está perfeita e definitivamente cumprido!",  "Todo o débito de cada eleito para salvação está perfeita e definitivamente pago!"  e  "Vitória perfeita e definitiva!"



Quando, pois, Jesus tomou o vinagre, disse: Está consumado! (João 19.30)

Está consumado- Τετελεσται”.. Os antigos gregos orgulhavam-se de serem capazes de dizer muita coisa falando pouco — “dar um mar de assunto em uma gota de linguagem” era tido como a perfeição em oratória. O que eles buscavam é encontrado aqui. “Está consumado”, no original, é apenas uma palavra (Gr. Τετελεσται – Tetelestai), todavia, nessa palavra está contido o evangelho de Deus; nessa palavra está contido o fundamento da segurança do crente; nessa palavra é descoberta a essência de todo gozo, bem como o próprio espírito de toda consolação divina.

Está consumado - Τετελεσται”. Isso não foi o grito de desespero de um mártir desamparado; não foi uma expressão de satisfação pelo término de seus sofrimentos haver então chegado; não foi o último suspiro de uma vida que se findava. 

Não, antes foi a declaração da parte do divino Redentor de que tudo pelo qual ele viera do céu à terra para fazer, estava agora feito; que tudo que era necessário para revelar o completo caráter de Deus agora se tinha concluído; que tudo que era requerido pela lei antes que os pecadores pudessem ser salvos tinha agora sido realizado: que o preço da nossa escravidão foi pago para a nossa redenção.

Nessas palavras encontramos a certeza da nossa salvação, a convicção de que nossos débitos para com o Pai foram pagos por outra pessoa. É claro que Jesus tinha que ser sepultado, ressuscitar e subir aos céus. Mas essa conclusão já havia sido determinada anteriormente. A árdua responsabilidade do sofrimento, a terrível experiência de ser separado da presença do Pai, a dolorosa missão de ser tratado como pecador – tudo isso já era passado. Não havia mais nada que Ele pudesse fazer por Deus na carne.

● “TETELESTAI”

A palavra grega “Τετελεσται – Tetelestai” vem do verbo teleo, que significa “terminar, completar, realizar”. Significa a conclusão bem-sucedida de um procedimento. Embora esta palavra não seja muito conhecida de muitos no mudo contemporâneo, ela era familiar quando o Senhor ministrava na terra. 

Os arqueólogos descobriram diversos documentos gregos antigos que nos ajudam a compreender melhor o vocabulário bíblico, pois o Novo Testamento foi escrito na linguagem comum do povo de idioma grego da época. O termo tetelestai na vida diária do povo:

• Servos – os servos e escravos usavam estas palavras sempre que terminavam um trabalho e levavam o fato ao conhecimento de seus senhores.

• Sacerdotes – os sacerdotes gregos também usavam está palavra. Sempre que os adoradores levavam ao templo sacrifícios dedicados ao deus o deusa que adoravam, os sacerdotes tinham que examinar o animal para certificar-se de que era perfeito. Se o sacrifício era aceitável, o sacerdote dizia: “Tetelestai - Τετελεσται – não tem defeito”. Os sacerdotes judeus seguiam um procedimento similar no templo e usavam o equivalente hebreu ou aramaico desse termo. Era importante que o sacrifício fosse perfeito.

• Mercadores – para eles, o termo significava “a dívida está completamente paga”. Se você comprasse algo “a prazo”, quando fizesse o último pagamento o negociante lhe daria um recibo com a palavra “tetelestai - Τετελεσται”, ou seja, quitado. O débito foi totalmente pago.

Ao gritar Tetelestai - Τετελεσται, Jesus deu o maior brado de vitória em toda história da humanidade. Ele afirmou que havia completado, com sucesso, uma grande e poderosa obra. A vida dele na terra estava encerrada, não como um fracasso, mas como o clímax de um plano eterno. O roteiro havia sido escrito antes de seu nascimento em Belém, e agora a cortina estava a ponto de se fechar, com tudo em seu lugar (Lucas 9.31; João 17.4).

● O QUE ESTAVA CONSUMADO?

Arthur W. Pink nos mostra que estava consumada sua obra sacrificial. É verdade que havia ainda o ato da própria morte, que era necessária para fazer a expiação. Porém, como se dá frequentemente no Evangelho de João cf. (João 12.23,31; 13.31; 16.5; 17.4), o Senhor fala aqui antecipadamente da conclusão de sua obra. 

Além disso, deve ser lembrado que as três horas de trevas já haviam passado, o terrível cálice já havia sido sorvido até à última gota, seu precioso sangue já tinha sido vertido, a ira divina derramada já havia sido suportada; e esses são os principais elementos para se fazer a propiciação. A obra sacrificial do Salvador, então, estava completada, com exceção apenas do ato de morte que se seguiu imediatamente. Mas, como veremos, a consumação daquela obra pôs fim a várias coisas, e a elas voltaremos a nossa atenção.

. Aqui vemos efetuado o cumprimento de todas as profecias que foram escritas sobre ele antes que viesse a morrer. Havia profecia que anunciava que sua pessoa deveria ser desprezada (Isaías 53.3); que ele deveria ser rejeitado pelos judeus (Isaías 8.14); que ele deveria ser aborrecido “sem causa” (Salmos 69.4): então, é triste dizê-lo, tal foi precisamente o caso. Havia profecia que pintava o quadro inteiro de sua degradação e crucificação — então, foi ele vividamente reproduzido. 

Houvera a traição por um amigo íntimo, a deserção por seus queridos discípulos, o ser levado ao matadouro, o ser levado a julgamento, o aparecimento de falsas testemunhas contra si, a recusa de sua parte de se defender, a demonstração de sua inocência, a condenação injusta, a pena de morte sentenciada sobre si, o traspassamento literal de suas mãos e pés, o ser contado entre os transgressores, a zombaria da multidão, o lançar sortes sobre suas vestes — tudo predito séculos antes, e tudo cumprido ao pé da letra. 

A última profecia de todas que ainda restava antes de encomendar seu espírito às mãos do Pai tinha agora sido cumprida. Ele clamou, “Tenho sede”, e após o oferecimento de vinagre e fel tudo estava agora “concluído”; e, quando o Senhor Jesus reviu o inteiro escopo da palavra profética e viu sua completa realização, ele bradou, “Está consumado”!

. Vemos aqui o término de seus sofrimentos. E qual língua ou pena pode descrever os sofrimentos do Salvador? Ó, que angústia inexprimível, física, mental e espiritual que ele suportou! Apropriadamente foi ele designado “o Homem de Dores”. Sofrimentos nas mãos dos homens, nas mãos de Satanás e nas mãos de Deus. Dor infligida tanto pelos inimigos quanto pelos amigos. 

Desde o início ele caminhou entre as sombras que a cruz lançava de través sobre seus passos. Ouça seu lamento: “Estou aflito e prestes a morrer desde a minha mocidade” (Salmos 88.15). Que luz isso lança sobre seus primeiros anos! Quem pode dizer quanto está contido nessas palavras? Para nós, um véu impenetrável está lançado sobre o futuro; nenhum de nós sabe o que um dia pode causar. Mas o Salvador conhecia o fim desde o começo!

. Vemos aqui que o objetivo da Encarnação é alcançado. A missão na qual Deus enviara seu Filho ao mundo estava acabada. Aquilo que fora tencionado na eternidade viera a suceder. O plano de Deus fora plenamente levado a cabo. É verdade que o Salvador fora morto e crucificado “por mãos de iníquos”, todavia, foi “entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus” (Atos 2.23). 

É verdade que os reis da terra se levantaram, e os príncipes se ajuntaram contra o Senhor, e contra o seu Cristo; entretanto, não foi senão para fazer o que a mão e o conselho de Deus “tinham anteriormente determinado que se havia de fazer” (Atos 4.28). Por que ele é o Altíssimo, não se pode frustrar a secreta vontade de Deus.

. Vemos aqui a realização da expiação. O Filho do Homem veio aqui “para buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19.10). Cristo Jesus entrou no mundo “para salvar os pecadores” (1Timóteo 1.15). Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, “para remir os que estavam debaixo da lei” (Gálatas 4.4). Ele foi manifestado “para tirar os nossos pecados” (1João 3.5). E tudo isso envolvia a cruz. O “perdido” que ele veio buscar só podia ser encontrado lá — no lugar de morte e sob a condenação divina. Os pecadores podiam ser “salvos” somente por alguém tomando seu lugar e levando suas iniquidades. 

Aqueles que estavam sob a lei apenas podiam ser “remidos” por um outro que cumprisse suas exigências e sofresse sua maldição. Nossos pecados somente podiam ser “tirados” sendo apagados pelo precioso sangue de Cristo. As demandas da justiça têm que ser satisfeitas: as exigências da santidade divina têm que ser atendidas: o terrível débito em que incorremos tem que ser pago. E na cruz isso foi feito; feito por ninguém menos que o Filho de Deus; feito com perfeição; feito de uma vez por todas.

. Vemos aqui o fim de nossos pecados. Os pecados do crente — todos os seus — foram transferidos ao Salvador. Como diz a escritura: “O Senhor fez cair sobre ele a iniquidade de nós todos”(Isaías 53.6). Se Deus, pois lançou minhas iniquidades sobre Cristo, não mais estão elas sobre mim. Há pecado em mim, pois a velha natureza adâmica permanece no crente até a morte ou até o retorno de Cristo, caso ele venha antes que eu morra, porém, não há mais pecado algum sobre mim. Tal distinção entre pecado EM e pecado SOBRE é uma distinção vital, e deve haver pouca dificuldade em sua apreensão. 

Se eu dissesse que o juiz deu a sentença sobre um criminoso, e que esse está agora sob sentença de morte, todos entenderiam o que eu quis dizer. Da mesma forma, todos fora de Cristo têm a sentença da condenação divina que repousa sobre si. Porém, quando um pecador crê no Senhor, recebe-o como seu Senhor e Mestre, ele não mais está “sob condenação” — o pecado não mais está sobre si, ou seja, a culpa, a condenação, a pena do pecado, não mais está sobre ele. 

E por quê? Porque Cristo levou nossos pecados em seu próprio corpo sobre o madeiro (1Pedro 2.24). A culpa, a condenação e a pena de nossos pecados foram transferidas ao nosso substituto. Em consequência, porque meus pecados foram transferidos a Cristo, eles não mais estão sobre mim.

. Aqui vemos o cumprimento das exigências da lei. “A lei é santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7.12). Como poderia ela ser menos que isso, já que o próprio Jeová a tinha ideado e dado! A culpa não estava na lei, mas no homem que, sendo depravado e pecador, não a podia guardar. Todavia, aquela lei tem que ser guardada, e guardada por um homem, de modo que a lei pudesse ser honrada e exaltada, e justificado aquele que a deu. 

Por conseguinte, lemos: “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; para que a justiça da lei se cumprisse em (não “por”) nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o espírito” (Romanos 8.3,4). A “enfermidade” aqui é aquela do homem caído. O envio do Filho de Deus na semelhança da carne do pecado refere-se à Encarnação: como lemos na escritura, “Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para resgatar os que estavam sob a lei” (Gálatas 4.4-5). Sim, o Salvador nasceu “sob a lei”, nasceu sob ela para que pudesse guardá-la perfeitamente em pensamento, palavra e obras. “Não cuideis que vim destruir a lei, ou os profetas: não vim abrogar, mas cumprir” (Mateus 5.17); essa foi sua pretensão.

. Aqui vemos a destruição do poder de Satanás. Veja-o pela fé. A cruz foi o presságio de morte do poder do diabo. Às aparências humanas parecia o momento de seu maior triunfo, todavia, na realidade foi a hora de sua derrota definitiva. Em virtude da cruz o Salvador declarou, “Agora é o juízo deste mundo; agora será expulso o príncipe deste mundo” (João 12.31). 

É verdade que Satanás não foi ainda acorrentado e lançado no abismo, entretanto, a sentença foi dada (ainda que não executada); seu fim é certo; e seu poder já está quebrado no que diz respeito aos crentes.

Para o cristão, o diabo é um inimigo vencido. Ele foi derrotado por Cristo na cruz — “para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hebreus 2.14). Os crentes já foram tirados “da potestade das trevas” e transportados para o reino do Filho do amor de Deus (Colossenses  1.13). Satanás, então, deve ser tratado como um inimigo derrotado. Ele não mais tem qualquer reivindicação legítima sobre nós. 

Outrora éramos seus “cativos” por lei, mas Cristo nos livrou. Outrora andávamos “segundo o príncipe das potestades do ar”; mas agora temos de seguir o exemplo que Cristo nos deixou. Outrora Satanás “operava em nós”; mas agora Deus é quem opera em nós tanto o querer quanto o efetuar, segundo sua boa vontade. Tudo o que temos de fazer é “resistir ao diabo”, e a promessa é que “ele fugirá de vós” (Tiago 4.7).

Há alguns anos houve um evangelista excêntrico de nome Alexandre Wooton. Um homem aproximou-se dele certo dia e perguntou com tom de ironia na voz: “O que devo fazer para ser salvo?” Sabendo que o indivíduo não falava a sério sobre a salvação, Wooton respondeu: “É tarde demais, você não pode fazer mais nada!” O homem ficou alarmado e disse: “Não pode ser! O que é preciso para que eu seja salvo?” Wooton repetiu: “É tarde demais! Já está feito!” Essa é a mensagem do Evangelho: a obra da salvação já está consumada. Terminou. Não podemos acrescentar nada a ela, e acrescentar algo seria tirar algo dela. Deus oferece ao mundo perdido uma obra consumada, uma salvação completa. Tudo o que o pecador tem de fazer é crer em Jesus Cristo. 

O livro de Hebreus explica esta salvação totalmente concluída: “Ora, neste caso, seria necessário que ele tivesse sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo; agora, porém, ao se cumprirem os tempos, se manifestou uma vez por todas, para aniquilar, pelo sacrifício de si mesmo, o pecado. E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo, assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o aguardam para a salvação” (Hebreus 9.26-28). “Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados. Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus” (Hebreus 10.4, 12). A obra da salvação terminou. “Está consumada”.

O verbo grego (tetelestai - Τετελεσται) está no tempo perfeito, indicando uma conquista de resultados duradouros. Poderia ser traduzido por "ela foi e permanece para sempre conquistada", pois Cristo fez o que a Carta aos Hebreus chama de "um único sacrifício pelos pecados" (Hebreus 10.12). Logo, porque Cristo concluiu a obra de carregar os nossos pecados, nada nos resta a fazer, nem mesmo a contribuir.

Para demonstrar a natureza satisfatória do sacrifício de Cristo, o véu do templo foi rasgado de "alto a baixo" (Mateus 27.51), como prova de que a mão de Deus havia feito aquilo. Essa cortina havia permanecido por séculos entre o santuário e o Santo dos santos como um emblema da inacessibilidade de Deus aos pecadores; ninguém podia penetrar além do véu na presença de Deus, exceto o sumo sacerdote no Dia da Expiação. 

Porém, com o sacrifício de Jesus na cruz, o véu foi rasgado ao meio e retirado, pois não era mais necessário. Os adoradores nos pátios do templo, reunidos para o sacrifício do entardecer, foram dramaticamente informados sobre outro e melhor sacrifício, pelo qual eles poderiam se achegar a Deus.

● Quero encerrar esse capítulo com dois textos que se encontra em Hebreus 10.11-14 e 19-25:

Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus, aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés. 

Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados. Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé, tendo o coração purificado de má consciência e lavado o corpo com água pura. Guardemos firme a confissão da esperança, sem vacilar, pois quem fez a promessa é fiel. Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.

Está consumado!

 

Aleluia!

Bibliografia:

• Pink, Arthur W. Os Sete Brados do Salvador na Cruz. Modo de Compatibilidade, Semeadores da Palavra e-books evangélicos, 2006: p. 88.

• Ibid p. 88.

• Lutzer, Erwin. Os Brados da Cruz. Ed. Vida, São Paulo, SP, 2002: p. 129.

• Ibid, p. 130.

• Wiersbe, W. Warren. O Que As Palavras da Cruz Significam Para Nós, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2001: p. 106.

• Lutzer, Erwin.. Os Brados da Cruz. Ed. Vida, São Paulo, SP, 2002: p. 131.

•  Pink, Arthur W. Os Sete Brados do Salvador na Cruz. Modo de Compatibilidade, Semeadores da Palavra e-books evangélicos, 2006: p. 89-103.

• Wiersbe, W. Warren. O Que As Palavras da Cruz Significam Para Nós, Ed. CPAD, Rio de Janeiro, RJ, 2001: p. 112.

PASTOR BARBOSA NETO POR EMAIL

segunda-feira, 30 de março de 2020

                       O PAPEL DA IGREJA EM UM TEMPO DE INCREDULIDADE

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas


“A maior questão do nosso tempo”, disse o historiador Will Durant, “não é o comunismo versus o individualismo, nem a Europa contra a América, nem mesmo o Oriente contra o Ocidente; é se os homens podem viver sem Deus”. Essa pergunta, ao que parece, será respondida em nossos próprios dias.

Por séculos, a igreja cristã tem sido o centro da civilização ocidental. A cultura, o governo, a lei e a sociedade ocidentais eram baseados em princípios explicitamente cristãos. A preocupação com o indivíduo, o compromisso com os direitos humanos e o respeito pelo bem, pelo belo e pelo verdadeiro — tudo isso decorreu das convicções cristãs e da influência da religião revelada.

Tudo isso, apressamo-nos a acrescentar, está sob ataque sério. A própria noção de certo e errado é rejeitada por grandes setores da sociedade brasileira. Onde não é rejeitada, muitas vezes é indesejada. Seguindo o exemplo do livro “Alice nos País das Maravilhas”, os secularistas modernos simplesmente declaram o errado, certo e o certo, errado.

Um Novo Panorama

O teólogo quaker D. Elton Trueblood certa vez descreveu a América como uma “civilização de flores cortadas”. Nossa cultura, ele argumentou, está cortada de suas raízes cristãs como uma flor cortada de seu caule. Embora a flor mantenha sua beleza por algum tempo, ela está destinada a murchar e morrer.

Quando Trueblood falou essas palavras há mais de duas décadas, a flor ainda tinha alguma cor e sinais de vida. Mas a flor há muito tempo perdeu sua vitalidade, e é hora de as pétalas caídas serem reconhecidas.

“Se Deus não existe”, argumentou Ivan Karamazov, de Fiodor Dostoiévski, “tudo é permitido”. A permissividade da sociedade brasileira moderna dificilmente pode ser exagerada, mas pode ser atribuída diretamente ao fato de homens e mulheres modernos agirem como se Deus não existisse ou fosse impotente para realizar a sua vontade.

A igreja cristã agora se encontra diante de uma nova realidade. A igreja não representa mais o núcleo central da cultura ocidental. Embora permaneçam postos avançados de influência cristã, são exceções e não a regra. Na maior parte, a igreja foi substituída pelo reinado do secularismo.

O jornal diário produz uma barreira constante que confirma o estado atual da sociedade brasileira. Esse tempo não é o primeiro a ver o horror e o mal indescritíveis, mas é o primeiro a negar qualquer base consistente para identificar o mal como mal ou o bem como bem.

A igreja fiel é, em sua maior parte, tolerada como uma voz na arena pública, mas somente enquanto não tenta exercer qualquer influência credível no estado das coisas. Se a igreja falar com veemência sobre uma questão de debate público, ela é criticada como coercitiva e desatualizada.

Um Novo Papel

Como a igreja pensa em si mesma ao encarar essa nova realidade? Durante a década de 1980, era possível pensar em termos ambiciosos sobre a igreja como a vanguarda de uma maioria moral. Essa confiança tem sido seriamente abalada pelos acontecimentos da última década.

Um pequeno progresso em direção ao restabelecimento de um centro de gravidade moral podia ser detectado. Contudo, a cultura mudou rapidamente para um abandono mais completo de toda convicção moral.

A igreja confessional agora deve estar disposta a ser uma minoria moral, se é isso que os tempos exigem. A igreja não tem o direito de seguir o canto da sereia secular em direção ao revisionismo moral e posições politicamente corretas sobre os problemas atuais.

Qualquer que seja a questão, a igreja deve falar como a igreja, ou seja, como a comunidade dos caídos, mas redimidos, que estão sob a autoridade divina. A preocupação da igreja não é conhecer a sua própria mente, mas conhecer e seguir a mente de Deus. As convicções da igreja não devem emergir das cinzas de nossa própria sabedoria caída, mas da Palavra autoritativa de Deus, que revela a sabedoria de Deus e os seus mandamentos.

A igreja deve ser uma comunidade de caráter; e o caráter de um povo que está sob a autoridade do Deus soberano do universo inevitavelmente estará em desacordo com uma cultura de incredulidade.

Um Antigo Chamado

A igreja brasileira enfrenta uma nova situação. Esse novo contexto é tão atual quanto o jornal da manhã e tão antigo quanto as primeiras igrejas cristãs em Corinto, Éfeso, Laodicéia e Roma. A eternidade registrará se a igreja brasileira está disposta a se submeter apenas à autoridade de Deus ou se a igreja perderá o seu chamado para servir a deuses menores.

A igreja deve despertar para o seu status de minoria moral e se apegar ao evangelho que nos foi confiado para ser pregado. Ao fazê-lo, as fontes profundas da verdade eterna revelarão que a igreja é um oásis vivificante em meio ao deserto moral do Brasil..

por Albert Mohler Jr.


Estudo Bíblico.net

sexta-feira, 27 de março de 2020


Evangelização na China em tempo de Coronavírus - Imagem Google

Daniel Torkelson
Traduzido por: 
Wilma Rejane


Os cristãos realmente sabem como agir em um assunto como esse? Nós, como povo de Deus, parecemos facilmente levados pelo mesmo pânico especulativo que governa a mente de muitos quando uma crise como o coronavírus se manifesta.

No livro bíblico de Mateus, capítulo 6, Jesus diz: “Portanto, não fique ansioso, dizendo: 'O que devemos comer?' ou 'O que devemos beber?' ou 'O que devemos vestir?' Pois os gentios buscam todas essas coisas, e seu Pai celestial sabe que precisamos de todas elas. Busquemos primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas nos serão adicionadas. ”

Isso parece indicar que Cristo não quer que entremos em pânico. Durante esse período, temos oportunidades para modelar a diferença entre ser ou não cristão,  demonstrar que o Evangelho é uma mensagem melhor do que qualquer outra.

A diferença entre preocupação e precaução.

O vírus é sério, e aqueles que ficaram gravemente doentes - ou até morreram - não devem ser ignorados. Há, no entanto, distinções significativas que devemos fazer para pensar sobre isso de uma maneira bíblica.

Como cristãos que recebemos o amor de Cristo, devemos amar uns aos outros, portanto, uma preocupação saudável com a saúde e o bem-estar de nosso próximo exige ação legítima. Assim como nunca desejaríamos o coronavírus para nós mesmos, também não deveríamos desejar para o nosso vizinho.

Devemos garantir, como cidadãos fiéis, que nosso governo e comunidades médicas estejam respondendo adequadamente a pandemia. Devemos tomar medidas de precaução para mitigar a contração ou a disseminação. Lave bem as mãos. (Cante a "Doxologia" em ritmo moderado enquanto lava as mãos. Funciona.)


Se nosso vizinho contraiu coronavírus e precisa de ajuda para obter assistência médica, ajudemos. É um momento para demonstrar que o amor de Deus nos governa. O bom samaritano fez um grande esforço para salvar o homem meio morto na beira da estrada. Ele é adequadamente entendido como uma figura de Jesus, que deu a vida para nos salvar. É um amor humano exemplar.

Quando Jesus instruiu seus discípulos a não se preocuparem, ele se referiu a eles como tendo "pouca fé". Não é preciso fé para se preocupar. Nós, cristãos, frequentemente falhamos com nosso Senhor, parecendo demais com o resto do mundo.

O mundo está preocupado com o vírus ? Parece que sim. Quando nossa preocupação em não contrair o vírus nos consome a ponto de esquecermos o primeiro mandamento de 'Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos" a preocupação se torna um ídolo para nós. Preocupar-se com a contração do vírus revela que não confiamos na bondade e na graça de Deus tanto quanto dizemos. Se essa preocupação é a nossa "fé", temos boas razões para nos preocuparmos com a nossa salvação.

Isso significa que o pânico não é uma opção. Se não é preciso fé para se preocupar, o pânico é o equivalente à apostasia, revelando que somos nossos “deuses” e que não termos controle absoluto sobre todos os assuntos relacionados a nossos corpos e vidas nos alarma.


A mídia alardeia o medo e o caos, se se sentir mal ao assistir noticiários,melhor desligar a TV, desconectar as mídias sociais e aguardar a passagem do vírus.

Os cristãos vencem de qualquer maneira

Deixando o conselho médico sobre quarentena e atendimento aos profissionais, ainda posso oferecer uma orientação para os cristãos que foram expostos ao vírus ou diagnosticados com ele: Descanse sob os cuidados de seu Criador. Obviamente, se submeta aos procedimentos médicos, terapias e medicamentos. Mas, acima de tudo, lance seus cuidados sobre Deus, pois Ele se importa com você. Na vida ou na morte - apesar das probabilidades, você viverá - você ganhará de qualquer maneira. Você pode sair do hospital pela porta da frente ou pela porta dos fundos. De qualquer maneira, como diz um amigo médico, com um brilho nos olhos; " os cristãos vencem". Ele está absolutamente certo.

Esta é a melhor parte de ser cristão, não? O diabo gosta de jogar doenças, pestilências, medo, entre outros caos. Mas nós temos Cristo. Já temos a salvação Dele. Não precisamos nos preocupar nem temer os melhores ou os piores resultados, se contrairmos o vírus. Nós temos Cristo. Nós temos uma nova vida. Nós temos vida eterna. Ele cuida de nós de corpo e alma.

Agora é nossa hora de mostrar a uma nação ansiosa e a um mundo ansioso como o cristianismo é melhor do que qualquer outra bebida que o resto do mundo esteja bebendo.

Em Cristo.

Daniel Torkelson é pastor da Igreja e Pré-Escola Luterana St. John, em North Prairie, Wisconsin. Disponível em: https://thefederalist.com/2020/03/12/how-christians-can-respond-to-a-world-anxious-about-wuhan-coronavirus/. Acesso em 24/03/2020.

Retirado do Blog A TENDA NA ROCHA

segunda-feira, 23 de março de 2020



Wilma Rejane


A pandemia do Coronavírus está modificando toda estrutura social e também emocional da população. Sem dúvidas, é um momento difícil para todos nós, independente de credo ou nacionalidade, todos estamos atravessando o que se descreve no Salmo 23 como "vale da sombra da morte". Olhar para a atual situação da Itália com um número elevado de mortes e ver outros países ( incluindo o Brasil) sob as mesmas ameaças é muito triste. É um momento que deve servir para refletirmos não apenas sobre a morte, mas também sobre a vida.

É um momento de percebermos quão grande é a misericórdia de Deus que diariamente nos proporciona mercados lotados de alimentos, fronteiras territoriais livres, portos marítimos funcionando, apertos de mãos, abraços demorados, idas e vindas diárias aos mais diversos lugares, entre outras coisas. A falta de tudo lembra o valor das presenças. Alguns dirão que a economia se move pelo capital e isso tem a ver com trabalho e mérito e não com fé, porém, em tempo de coronavírus vale recordar que é Deus quem dá a força para o trabalho, a capacidade de produzir e de desfrutar da produção; a doença e a morte são acontecimentos que rompem com essas bênçãos.

Sabemos que o cristão não deve temer à morte, nem deve apressá-la, Eclesiastes 7:17 diz: "Não sejas demasiadamente ímpio, nem sejas louco; por que morrerias fora de teu tempo?"É prudente que sigamos todas as instruções das autoridades constituídas na prevenção e combate da pandemia Coronavírus. É prudente que além de seguirmos as instruções confiemos na bondade e fidelidade de Deus para nos cercar de cuidados.

Sei que a exemplo de minha família, muitas outras estão reunidas sem sair de casa ou se revesando para saídas necessárias à supermercados e/ou farmácias. Algumas pessoas estão confinadas e solitárias, distante da família, em outro Estado ou País ou mesmo em sua terra natal. Em qualquer situação, acredito que vale à pena reservar um instante do dia para se aproximar de Deus, ainda que as pessoas de sua família sigam religiões diferentes ou nenhuma religião. É um momento de se unir para trazer à memória a fé e a esperança em Deus e em Cristo Jesus. Testemunho de que isto pode ser feito sem ferir a crença do outro, se o amor e a gratidão estiverem presentes ninguém se sentirá constrangido.

Tudo isso vai passar, é algo que já aconteceu no passado, não da mesma forma, nem com os mesmos atores sociais, nem com as mesmas causas e efeitos, desde o Êxodo, as terríveis pragas estavam lá para dizimar a maldade e a dureza de coração, para dizer ao mundo que a vida é mantida por um Deus santo e bondoso que abomina o pecado. A mensagem para nossos dias não é diferente. Não há qualquer homem ou divindade que possa fazer cessar essa pandemia, a não ser a ordem Divina que mantém a terra e todos os limites em seus devidos lugares diariamente.

Deus nos abençoe.

Retirado do Blog "A TENDA NA ROCHA"